15 de nov. de 2019

Carta Testamento de Mussolini ao Povo Italiano (1945)

Mussolini e D. Capula (1943)
    O Duce está só e se recolhe em seus pensamentos: quase certamente, em poucas horas, estará morto. O translado noturno do município de Dongo ao quartel da Guarda de Finanza, por "razões de segurança", pressagia o pior. Está transtornado: a partida de Cuomo, os partigianos, a captura, os interrogatórios.

    Toda a vida transcorre pelas recordações: a infância, as vitórias embriagadoras, as traições, a morte das pessoas queridas; volta a ver sua mãe, recorda suas orações recitadas na pobre casa onde nasceu, os anos de Governo, a derrota... Não tem rancores, perdoou a todos, já está distante dos assuntos terrenos. Escreve:

    "Não é a fé que chega na hora do crepúsculo aquela que me sustenta, é a fé de minha infância e de minha vida a que me impõe o dever de crer, ainda quando teria o direito de duvidar.
    Não sei se estes meus apontamentos serão lidos alguma vez pelo povo italiano; gostaria que assim fosse, para dar-lhe a possibilidade de receber, através de uma confissão de fé, meu último pensamento.
    Desconheço tampouco se os homens me concederão tempo suficiente para escrever. Vinte e dois anos de governo não me fazem provavelmente digno, ao juízo humano, de viver outras vinte e quatro horas.
    Acreditei na vitória de nossas armas, como creio em Deus, Nosso Senhor, porém mais ainda creio no Eterno, agora que a derrota constitui o banco de prova sobre o qual deverão vir mostrar, ao mundo inteiro, a força e a grandeza de nossos corações.
    É já um fato que a guerra está perdida, mas é certo também que não se é vencido até que nos declaremos vencidos.
    Isto deverão recordar os italianos, se, sob a dominação estrangeira, venham a sentir o insufocável despertar de sua consciência e de seus espíritos. Hoje perdoo a quantos não me perdoam e me condenam, condenando-se a si mesmos.
    Penso naqueles aos quais lhes será negado por anos amar e sofrer pela Pátria e gostaria que eles se sentissem não apenas testemunhas de uma derrota, senão também abandonados de uma nova vitória.
      Ao ódio desmensurado e às vinganças sucederá o tempo da razão.
    Assim, recuperado o sentido da dignidade e da honra, estou seguro de que os italianos de amanhã saberão serenamente valorizar as causas da trágica hora que vivo.
     Se este é, portanto, o último dia de minha existência, gostaria que mesmo a quem me abandonou e a quem me traiu, vá o meu perdão, como então perdoei a Savoia a sua fraqueza.
Germassino, 27 de Abril, pela noite
Benito Mussolini"

    A mão deixa cair o lápis; correm as recordações: a casa de Dovia, Raquel, os filhos, o afeto que lhe demonstrava a gente, a guerra perdida, as últimas palavras do padre Eusébio... Quase sorri pensando nas orações recitadas quando era pequeno com a mama e com a nonna... .[1]

[1] INNOCENTI, Ennio. La Conversión religiosa de Benito Mussolini. Buenos Aires, Santiago Apóstol, 2006.

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