Integralistas Lusitanos. Da esquerda para a direita: Antônio Sardinha, Alberto de Monsaraz e Luís de Almeida Braga |
No campo desordenado da sociedade portuguesa contemporânea o
Integralismo foi qualquer coisa de nacionalmente lógico, de
completo, de consciente.
Concretização máxima das aspirações nacionais nele ganharam ordem, coordenação e unidade.
No meio da desorganização geral que a democracia criara nem ao menos existia um escol conscientemente nacionalista que servisse de
penhor e garantia à nossa maneira de ser de povo secularmente livre.
Durante 100 anos soprara como rajada peçonhenta o liberalismo valorizando no máximo os nossos defeitos latinos. E a Monarquia foi
destruída por este regímen estruturalmente anti-nacional.
Caiu a Monarquia não por falta de pessoas dizendo-se monárquicas
nem dum grande sentimento monárquico nas províncias.
Caiu vazia de espírito, oca de ideias como cúpula a que lentamente falhasse o edifício que a sustinha.
De que valia ser monárquico o solo, se as paredes do edifício governativo progressivamente lhe falhavam à míngua de virtudes nacionais e de virtudes monárquicas?
Como é que a engrenagem do Estado podia deixar de cumprir a sua
conclusão mecânica: a Republica?
Por isso a Monarquia era um fecho desarmônico no edifício a que a
Carta servia de pedra angular.
Filha da Revolução Francesa era justo que um barrete frígio e não
uma coroa ocupasse o vértice da hierarquia governativa. Assim a República não passou de um fruto naturalíssimo daquela
árvore enxertada em Portugal por um rei americano a quem o nosso
espírito era por assim dizer desconhecido segundo o próprio Oliveira Martins; enxertada a arvore exótica por um rei ilegítimo monárquicos
nominais se encarregaram de a fazer vingar.
E veio a manhã tumultuosa de 5 de Outubro de l910...
Os erros liberais agravaram-se e a nação dos partidos, a nação antinaturalmente dividida em correntes de opinião acabou, de aniquilar
com bárbara sanha o que existia ainda de orgânico, de celular, de vivo
no corpo doente da Pátria.
A Religião Católica que fez parte integrante do espírito português
recebeu acometidas selváticas. Enfraqueceram e desorganizaram a Família. Divulgaram um simulacro de moral cujos péssimos resultados todos
nós conhecemos.
Acentuou-se o Capitalismo duma forma irrefreável a par duma indústria 100 anos atrasada, duma agricultura descurada e do operariado criminosamente desprotegido.
O regionalismo perdeu a consciência instabilizado no balancé da
politiquice que dividia a Nação, os Municípios, as Paróquias e até as Famílias. As ruínas que a Democracia causara eram evidentes. Todos
os bons portugueses as sentiam mas quase ninguém na confusão geral das ideias atinava claramente com as causas e com os remédios. O nacionalismo dos vários nacionalistas não passava geralmente dum sentimento sem aquelas bases inabalavelmente lógicas e positivas que os
integralistas lhe deram. Havia aspirações regionais e colectivas embora calcadas pela tirania dos partidos. Havia classes descontentes, tradicionalistas de sentimento, messianismos vagos a par dum desconhecimento lamentável das nossas instituições históricas no meio da desorientação
profusamente espalhada por críticos e céticos.
O Integralismo veio dar corpo a todas as aspirações da alma nacional; integrar as ânsias sub-conscientes da Raça; veio racionalizar o
sentimento monárquico e mostrar o valor vivo da tradição como arvore,
que sobe de remotos interstícios esbracejando através do tempo e do espaço para florir e frutificar eternamente, todas as Primaveras com
nova beleza, numa continuidade natural e harmoniosa.
A questão social que sacode as grandes nações industriais tem a sua satisfação equilibrada na doutrina integralista dentro dum estado
justo e cristão. Regiões e classes nele encontram representação e, robustecidas pelo cooperativismo formam organismos ativos coordenados pela realeza na mesma finalidade una do bem e harmonia nacional.
É o nacionalismo integral em que tudo se conjuga de forma que
pela sua diversidade aproveite à unidade dando esta àquela por sua vez o seu cimento coordenador e benfazejo.
Desta forma a Nação constitui um corpo vivo cuja ação é a resultante perfeita das funções particulares dos seus órgãos que se complementam harmoniosamente de modo a sem esforços concorrerem todos
unidos numa finalidade comum que a todos simultaneamente aproveite.
Sistema orgânico e portanto natural, cristão e portanto justo na
situação das classes e na inter-limitação dos poderes monárquico e por isso contínuo, estável e coordenador, tradicionalista e portanto naturalmente renovável o integralismo pesquisou na historia e no sentimento
português aquilo que era genuinamente nosso e próprio ao nosso modo de ser fundindo-o num corpo uno, da máxima pureza, da máxima harmonia, de autêntica estrutura lusitana.
Muitos portugueses, contudo, ainda não tiveram o arrojo de concluir francamente, de admitir a inter-relação dos princípios que, correlativos, se exigem mutuamente.
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