29 de jan. de 2020

Mussolini - Racismo e Antissemitismo (1932)

Abissínio ao lado de monumento fascista (s/d)
     [...] se o nacionalismo é tão independente da forma de governo como da questão de classe, deve basear-se na raça. Acredita realmente que, como certos estudiosos propalam, haja ainda, na Europa, raças puras e que a unidade da raça seja, de fato, uma garantia do seu vigor? E não há perigo de que a apologia do fascismo, como a fez o professor X, propague, a respeito dos latinos, absurdos análogos aos dos nórdicos sobre a "nobre raça loura" e alimente, em consequência, o espírito guerreiro?

    Mussolini animou-se, talvez porque, neste assunto se vê mal interpretado pelo exagero de certos fascistas. Já noutra circunstância expusera-me o seu ponto de vista nitidamente definido. E respondeu:
    
    — Evidentemente não há mais raças puras. Nem os judeus estão isentos de mesclas. Muitas vezes, graças a felizes cruzamentos, conseguiram os povos vigor e beleza. Raça é sentimento e não realidade. Em noventa e cinco por cento resume-se numa convicção. Nunca acreditarei que se possa provar que uma raça se tenha conservado mais ou menos biologicamente pura. E fato curioso  nenhum dos pregoeiros da "nobre raça germânica" é alemão. Gobineau é francês, Woltmann, judeu e Lapouge, também francês. Todavia, denominando Roma a "Capital do Caos", Chamberlain exagerou. Isso, entre nós, não seria admitido. O professor que citou há pouco é um poeta. O orgulho nacional não deve absolutamente significar o delírio da raça.

     Um ótimo argumento contra o antissemitismo, ponderei eu.
Mussolini e seu entrevistador (1932)
    —  O antissemitismo não existe na Itália, tornou Mussolini. Os judeus italianos sempre se portaram como cidadãos; como soldados, bateram-se valorosamente. Ocupam posições proeminentes nas universidades, no exército e nos bancos. Muitos deles são oficiais superiores, como o general Modena, governador da Sardenha e outro general de Artilharia.

     Contudo os foragidos de Paris arguem-no de ter proibido aos judeus o acesso na Academia...

     É absurdo, retrucou ele. Até hoje, nenhum o disputou. Atualmente é candidato Della Seta, um dos nossos notáveis eruditos, autor de uma obra sobre a pré-história da Itália.

     O seu procedimento concorda, neste ponto, com todos os vultos da História, pois também na Alemanha a propalada versão do antissemitismo de Goethe e de Bismarck é uma fábula. Os franceses deram injustamente a certa anomalia o nome de "vício alemão". Assim devemos chamar o antissemitismo.

     E como o explica o senhor?  Perguntou Mussolini.

     Toda vez que os alemães vão mal, os judeus devem ser culpados. E agora, no meus país, as coisas não podiam correr pior.

     Ah! Ah!  Exclamou o Duce. O Bode espiatório!

LUDWIG, Emílio. Colóquios com Mussolini. Livraria do Globo. 1932.

23 de jan. de 2020

História da Guerra de Espanha - 2 Volumes (1939)

      Da autoria de Robert Brasillach e Maurice Bardèche, a obra é uma abordagem nacionalista do desenvolvimento e conclusão da Guerra Civil Espanhola, com inúmeros documentos e notas úteis. Publicada em 1939, pouco após o fim da guerra, recebeu no mesmo ano sua tradução ao português.


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22 de jan. de 2020

O Integralismo Lusitano - F. da Cunha Leão (1929)

Integralistas Lusitanos. Da esquerda para a direita:
Antônio Sardinha, Alberto de Monsaraz e Luís de Almeida Braga
    No campo desordenado da sociedade portuguesa contemporânea o Integralismo foi qualquer coisa de nacionalmente lógico, de completo, de consciente.
    Concretização máxima das aspirações nacionais nele ganharam ordem, coordenação e unidade. 
    No meio da desorganização geral que a democracia criara nem ao menos existia um escol conscientemente nacionalista que servisse de penhor e garantia à nossa maneira de ser de povo  secularmente livre. 
    Durante 100 anos soprara como rajada peçonhenta o liberalismo valorizando no máximo os nossos defeitos latinos. E a Monarquia foi destruída por este regímen estruturalmente anti-nacional. 
    Caiu a Monarquia não por falta de pessoas dizendo-se monárquicas nem dum grande sentimento monárquico nas províncias. 
    Caiu vazia de espírito, oca de ideias como cúpula a que lentamente falhasse o edifício que a sustinha. 
    De que valia ser monárquico o solo, se as paredes do edifício governativo progressivamente lhe falhavam à míngua de virtudes nacionais e de virtudes monárquicas? 
    Como é que a engrenagem do Estado podia deixar de cumprir a sua conclusão mecânica: a Republica? 
    Por isso a Monarquia era um fecho desarmônico no edifício a que a Carta servia de pedra angular. 
    Filha da Revolução Francesa era justo que um barrete frígio e não uma coroa ocupasse o vértice da hierarquia governativa. Assim a República não passou de um fruto naturalíssimo daquela árvore enxertada em Portugal por um rei americano a quem o nosso espírito era por assim dizer desconhecido segundo o próprio Oliveira Martins; enxertada a arvore exótica por um rei ilegítimo monárquicos nominais se encarregaram de a fazer vingar.
    E veio a manhã tumultuosa de 5 de Outubro de l910...
    Os erros liberais agravaram-se e a nação dos partidos, a nação antinaturalmente dividida em correntes de opinião acabou, de aniquilar com bárbara sanha o que existia ainda de orgânico, de celular, de vivo no corpo doente da Pátria.
    A Religião Católica que fez parte integrante do espírito português recebeu acometidas selváticas. Enfraqueceram e desorganizaram a Família. Divulgaram um simulacro de moral cujos péssimos resultados todos nós conhecemos. 
    Acentuou-se o Capitalismo duma forma irrefreável a par duma indústria 100 anos atrasada, duma agricultura descurada e do operariado criminosamente desprotegido. 

Da esquerda para a direita, em pé: Ruy Ulrich, Hipólito Raposo, Luís de Almeida Braga
 e José Pequito Rebelo. Sentados, da esquerda para a direita: António Sardinha, Vasco de Carvalho
, Luís de Freitas Branco, Xavier Cordeiro e Alberto Monsaraz.
    O regionalismo perdeu a consciência instabilizado no balancé da politiquice que dividia a Nação, os Municípios, as Paróquias e até as Famílias. As ruínas que a Democracia causara eram evidentes. Todos os bons portugueses as sentiam mas quase ninguém na confusão geral das ideias atinava claramente com as causas e com os remédios. O nacionalismo dos vários nacionalistas não passava geralmente dum sentimento sem aquelas bases inabalavelmente lógicas e positivas que os integralistas lhe deram. Havia aspirações regionais e colectivas embora calcadas pela tirania dos partidos. Havia classes descontentes, tradicionalistas de sentimento, messianismos vagos a par dum desconhecimento lamentável das nossas instituições históricas no meio da desorientação profusamente espalhada por críticos e céticos.
   
    O Integralismo veio dar corpo a todas as aspirações da alma nacional; integrar as ânsias sub-conscientes da Raça; veio racionalizar o sentimento monárquico e mostrar o valor vivo da tradição como arvore, que sobe de remotos interstícios esbracejando através do tempo e do espaço para florir e frutificar eternamente, todas as Primaveras com nova beleza, numa continuidade natural e harmoniosa. 
    A questão social que sacode as grandes nações industriais tem a sua satisfação equilibrada na doutrina integralista dentro dum estado justo e cristão. Regiões e classes nele encontram representação e, robustecidas pelo cooperativismo formam organismos ativos coordenados pela realeza na mesma finalidade una do bem e harmonia nacional. 
    É o nacionalismo integral em que tudo se conjuga de forma que pela sua diversidade aproveite à unidade dando esta àquela por sua vez o seu cimento coordenador e benfazejo. 
    Desta forma a Nação constitui um corpo vivo cuja ação é a resultante perfeita das funções particulares dos seus órgãos que se complementam harmoniosamente de modo a sem esforços concorrerem todos unidos numa finalidade comum que a todos simultaneamente aproveite. 
    Sistema orgânico e portanto natural, cristão e portanto justo na situação das classes e na inter-limitação dos poderes monárquico e por isso contínuo, estável e coordenador, tradicionalista e portanto naturalmente renovável o integralismo pesquisou na historia e no sentimento português aquilo que era genuinamente nosso e próprio ao nosso modo de ser fundindo-o num corpo uno, da máxima pureza, da máxima harmonia, de autêntica estrutura lusitana. Muitos portugueses, contudo, ainda não tiveram o arrojo de concluir francamente, de admitir a inter-relação dos princípios que, correlativos, se exigem mutuamente.


LEÃO, F. da Cunha. Política, 1929Ano I, n.7. 

15 de jan. de 2020

O Programa de 27 Pontos da Falange (1934)

O programa distribuído em forma de folheto [s/d]

Breves considerações.


  O Programa foi primeiramente publicado em 30 de novembro de 1934, no periódico ilustrado ABC, sendo da autoria de Ramiro Ledesma e tendo passado pela revisão de José Antonio, Onésimo Redondo, Rafael Sánchez Mazas e Julio Ruiz de Alda. Foi adotado através do Decreto 255, de 20 de abril de 1937, como base do Regime Franquista, sendo suprimido apenas seu 27° ponto, dada a unificação entre a FE de las JONS e os Requetés num partido único.


Nação, Unidade e Império.


I — Cremos na suprema realidade da Espanha. Fortalecê-la, elevá-la e engrandecê-la é a mais imperiosa missão coletiva dos espanhóis, à qual devem submeter-se inexoravelmente os interesses dos indivíduos, dos grupos e das classes.

II — A Espanha é uma unidade do destino, no Universo. É criminosa qualquer ação contra essa unidade. É crime todo o separatismo e nós não lhe concederemos perdão. A constituição em vigor, visto que incita às desagregações, constitui um atentado contra a unidade do destino da Espanha. Por isso exigimos a sua abolição imediata.

III — Temos uma vontade de Império. Afirmamos que a plenitude histórica da Espanha é o Império. Reclamamos para a nossa Pátria um posto proeminante na Europa. Não admitimos sujeições internacionais nem mediações estrangeiras. Em relação aos países da América espanhola, preconizamos a unificação da cultura, do poderio e dos interesses econômicos. A Espanha invoca os seus títulos de chefe espiritual do mundo hispânico como base da sua ação nos empreendimentos universais.

IV As nossas fôrças armadas, em terra, no ar e no mar, devem tornar-se tão poderosas e numerosas quanto seja necessário para assegurar à Espanha, em qualquer momento, a sua completa independência e a posição que lhe corresponde na hierarquia mundial. Desenvolveremos, no Exército de terra, mar e ar, a dignidade pública que ele merece, e agiremos para que um sentimento militar da vida anime toda a existência espanhola.

V A Espanha procurará de novo a sua glória e a sua riqueza nos caminhos do mar. A Espanha deve aspirar a ser grande potência marítima, para sua defesa e para seu interesse. Reclamamos para a nossa Pátria um lugar idêntico, no que respeita à frota aérea.

O programa em forma de cartaz [s/d]

Estado, Individuo e Liberdade.



VI O nosso Estado será um instrumento totalista ao serviço da integridade da Pátria. Nele participarão todos os espanhóis, pelas suas funções familiares, municipais e sindicais. Nenhum terá nele interferência por intermédio de partidos políticos. Abolir-se-ão implacavelmente os partidos políticos com todas as suas conseqüências: sufrágio inorgânico, representação por grupos hostis e Parlamento do tipo já bem conhecido.

VII A dignidade humana, a integridade do homem e a sua liberdade constituem valores eternos e intangíveis. Mas só é verdadeiramente livre aquele que pertence a uma nação livre e forte. A ninguém será consentido empregar a sua liberdade contra a unidade, a força e a liberdade da pátria. Uma rigorosa disciplina impedirá qualquer tentativa destinada a desunir e perturbar os espanhóis ou a conduzi-los por sendas contrárias aos destinos da pátria.

VIII O Estado nacional-sindicalista permitirá todas as iniciativas privadas compatíveis com o interesse colectivo, protegendo e estimulando aquelas que forem úteis.

Ramiro Ledesma,
autor do Programa [s/d].

Economia, Trabalho e Luta de Classes.



IX Concebemos a Espanha, economicamente, como um gigantesco sindicato de produtores. Organizaremos corporativamente a sociedade espanhola, por meio de um sistema de sindicatos verticais correspondentes aos vários ramos da produção, ao serviço da integridade econômica nacional.

X Repudiamos o sistema capitalista, que não compreende as necessidades populares, que desumaniza a propriedade privada e aglomera os trabalhadores em massas desformes votadas à miséria e ao desespero. O nosso sentido nacional e espiritual também repudia o marxismo. Orientaremos o esforço das classes laboriosas, hoje transviadas pelo marxismo, conduzindo-as pelo caminho de uma participação direta na grande obra do Estado Nacional.

XI O Estado nacional-sindicalista não se desinteressará cruelmente das lutas econômicas entre os homens, nem presenciará impassível o domínio dos mais fracos pelos mais fortes. O nosso regime tornará radicalmente impossível a luta de classes, para o que todos quantos cooperam na produção constituirão uma unidade orgânica. Combateremos, à qualquer custo, os abusos dos interesses particulares e a anarquia no regime do trabalho.

XII — A riqueza tem por finalidade principal melhorar as condições de vida do povo, como fará o nosso Estado. Não é admissível que massas enormes vivam miseravelmente, enquanto alguns dispõem de todos os luxos.

XIII O Estado reconhecerá a propriedade privada como meio lícito de cumprimento dos deveres individuais, familiares e sociais, e protegê-la-á contra os abusos do grande capitalismo financeiro, dos especuladores e dos usurários.

XIV Defendemos a tendência para a nacionalização dos bancos e, por intermédio das corporações, de certos serviços públicos importantes.

XV Todos os espanhóis têm direito ao trabalho. Os poderes públicos prestarão o necessário auxílio aos desempregados. Aguardando a construção definitiva da nova estrutura total, manteremos e intensificaremos todas as vantagens concedidas ao proletariado pelas leis sociais em vigor.

XVI Todos os espanhóis válidos tem o dever de trabalhar. O Estado nacional-sindicalista nenhuma consideração terá por aqueles que, não desempenhando qualquer função, aspiram a viver como convivas, às custas do esforço dos outros.

A Terra.



XVII É preciso elevar a todo o custo o nível de vida nos centros rurais, permanentes fontes de energia da Espanha. Para tanto, assumimos o compromisso de levar a cabo, sem contemplações, a reforma econômica e social da agricultura.

XVIII Aumentaremos a produção agrícola pelos seguintes meios:
  • Assegurando a todos os produtores agrícolas preços mínimos remuneradores;
  • Exigindo o regresso aos campos de grande parte daqueles que as cidades absorveram para os seus trabalhos intelectuais e comerciais;
  • Organizando um verdadeiro crédito agrícola nacional que, por empréstimos aos camponeses, com juro reduzido e garantidos pelos seus bens e suas colheitas, irá libertá-los da usura e do caciquismo;
  • Difundindo ensinamentos agrícolas e pecuários;
  • Organizando o aproveitamento das terras, tendo em conta as suas condições particulares e as possibilidades de escoamento dos seus produtos;
  • Acelerando a construção de obras hidráulicas;
  • Nacionalizando as unidades de cultivo, a-fim-de suprimir os latifúndios muito extensos, assim como as minifúndios, anti-econômicas devido ao seu reduzido rendimento.

XIX — Organizaremos socialmente a agricultura pelos seguintes meios:
  • Procedendo a uma nova distribuição de terra cultivável para instituir a propriedade familiar e estimular energicamente os sindicatos dos trabalhadores;
  • Arrancando à miséria em que vivem grandes massas humanas hoje entregues à faina extenuante de cultivar terras estéreis e que serão transferidas para outros pontos de solo mais produtivo.

XX Empreenderemos uma campanha constante para o repovoamento das florestas, e tomaremos severas medidas contra todos os que a isso se oponham. Recorreremos, se for necessário, à mobilização temporária de toda a mocidade espanhola, para realizar a missão histórica de reconstituir a riqueza nacional.

XXI O Estado poderá expropriar, sem indenização, as terras cuja propriedade, aquisição ou exploração sejam ilegítimas.

XXII
A reconstituição dos patrimônios comunais das aldeias será o primeiro cuidado do Estado nacional-sindicalista.

Educação Nacional e Religião.



XXIII É missão essencial do Estado criar um espírito nacional uno e forte, por uma rigorosa disciplina da educação, e incutir no espírito das novas gerações a alegria e o orgulho da pátria. Todos os homens receberão uma educação pré-militar que os tornará aptos a receber a honra de serem incorporados no Exército nacional e popular da Espanha.

XXIV A cultura será organizada por maneira a não deixar que se perca nenhum talento por questões de dinheiro. Todos os que tal mereçam, terão acesso fácil aos estudos superiores.

XXV O nosso movimento incorporará na reconstrução nacional o sentimento católico cuja tradição é gloriosa e predominante em Espanha. A Igreja e o Estado harmonizarão as respectivas atividades, sem que se admita nenhuma interferência susceptível de ferir a dignidade do Estado ou a integridade do país.
O programa na Era Franquista (1940)

Revolução nacional.



XXVI A Falange Espanhola das JONS quer uma ordem nova baseada nos princípios acima enunciados. Para instaurá-la, lutando contra a ordem em vigor, a Falange aspira à revolução nacional. A sua ação será direta, ardente e combativa. A vida é milícia, e é preciso vivê-la com um ardente espírito de servir e de sacrifício.

XXVII Nos esforçaremos para triunfar no combate dispondo somente das forças sujeitas à nossa disciplina. Faremos poucas alianças. Somente no esforço final pela conquista do Estado o Comando administrará as colaborações necessárias, sempre que assegurada a nossa predominância.